terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

mais uma chance.





Hoje, nossa ligação é curta. É rara e vive falhando. Não me lembro da última vez que senti esse homem presente com tanto amor pra mim. E se eu vi, foi de relance. Ou com uma dessas técnicas que desenvolvi pra incrementar a realidade que (me) incomoda.


Eu não queria que fosse assim. Depois de muito sofrer, me culpar e esperar o inexistente, fiz o que mais odeio fazer nessa vida: me conformei. E hoje, mais do que me conformar, eu entendo. Entendo o jeito distante dele, e entendo as diferenças que nos tornam tão opostos e as semelhanças incríveis que me fazem não querer aceitar. Só há uma coisa que mesmo em 22 anos não entendi: a nossa capacidade indiscutível de nos decepcionarmos um com o outro.


Eu me decepcionei porque tentei te amar, e tu não quisestes. Me decepcionei, porque o mundo colocou pessoas crueis na tua vida, que através de ti, também foram crueis com a minha. Me decepcionei porque mesmo escrevendo cartinhas pra ti, desde os 7 anos, nunca recebi uma resposta. Me decepcionei, porque tua falta de amor me fez não saber exigir amor dos outros, nem de mim mesma. Me decepcionei por cada "eu te amo" que não ouvi e, se ouvi, foi tão baixo que meus sentidos não preceberam. E hoje me decepciono por continuar esperando o tom de voz daquela ligação.


Mas eu realmente entendo, porque ser paciente, além de ser o que eu melhor sei fazer nessa vida, é uma das pouca semelhanças que eu puxei dele. Não puxei alguns dons lindíssimos, nem a visão prática do mundo, mas puxei essa virtude, que bem utilizada pode me capacitar a fazer coisas impossíveis, como não morrer de inveja quando vejo um pai carinhoso. Ser paciente. Ser pai ciente. Ciente de quem eu sou e do que me faz feliz. Dois fatores básicos. Na falta, eu tento tornar real, eu me viro, porque isso eu também sei fazer bem. Busco nos outros um orgulho que eu queria que viesse de ti. Me esforçando pra ser alguém, driblar teu negativismo e provar que posso ser digna da tua admiração. Sabe por que?


Porque hoje eu sei me querer bem, cuidar de mim e plantar amor ao meu redor, mesmo sabendo que ele não crescerá no teu peito. Hoje eu sou tua filha, mas também sou meu pai. E posso, com respeito, amor no peito e coração quebrado, te ensinar um pouco sobre a vida.



A minha, por exemplo.


6 comentários on "mais uma chance."

Unknown on 19 de fevereiro de 2008 às 00:39 disse...

vai te fuder, serio. ehoiehaea
q absurdooooo. arrepiou, aqui.

bel. on 19 de fevereiro de 2008 às 09:48 disse...

é que é bonito se conhecer, nath. e entendo o que tu fala sobre o jeito de verdade de escrever.

linda. meu orgulho!

thalitha costa on 19 de fevereiro de 2008 às 09:49 disse...

eu acabei lembrando da musica do puddle of mudd, aquela blurry. qndo li esse post. magnifico.

André Mans on 19 de fevereiro de 2008 às 11:49 disse...

boaquiaberto!

André Mans on 19 de fevereiro de 2008 às 11:49 disse...

boaquiaberto!

Hay & And on 19 de fevereiro de 2008 às 19:35 disse...

Ja li antes esse, mais continua sendo FODA, como vc, como seus textos.

Beijo

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