terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Da menina (que roubava livros)



Começou a chover, uma chuva muito forte.
Kurt Steiner chamou, mas nenhum dos dois se mexeu. Uma estava sofridamente sentada, em meio às bateladas de chuva que caíam, e o outro se postava de pé a seu lado, esperando.

- Por que ele tinha que morrer?? - perguntou Liesel, mas Rudy não fez nada, não disse nada.

Quando ela enfim terminou e se levantou, o menino pôs o braço em seus ombros, no estilo do melhor amigo, e os dois seguiram caminho. Não houve pedidos de beijos. Nada disso. Você pode gostar do Rudy por isso, se quiser.

Só não me dê um pontapé nos ovos.
Foi o que ele pensou, mas não disse a Liesel. Só quase quatro anos depois foi que lhe ofereceu essa informação.
Por ora, Rudy e Liesel caminharam para a rua Himmel embaixo de chova.

Ele era o maluco que se pintara de preto e derrotara o mundo inteiro.
Ela era a roubadora de livros que não tinha palavras.

Mas, acredite, as palavras estavam a caminho e, quando chegassem, Liesel as seguraria nas mãos feito nuvens, e as torceria feito chuva.


. ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS .
Primeiro livro furtado: 13 de janeiro de 1939
Segundo livro furtado: 20 de abril de 1940
Intervalo entre os citados livros furtados: 463 dias


Se você quisesse usar de insolência, diria que bastou um pouquinho de fogo, na verdade, com uma gritaria humana para acompanhar. Diria que isso foi tudo que Liesel Meminger precisou para arrebatar seu segundo livro roubado, ainda que ele fumegasse em suas mãos. Ainda que lhe acendesse as costelas.
Mas o problema é este:

Não é hora de insolências.

Não é hora de atenção parcial, nem de virar as costas, e ir dar uma olhada no fogão - porqu, quando a menina que roubava livros roubou seu segundo livro, não só houve muitos fatores implicados em sua ânsia de fazê-lo, como o ato de furtá-lo desencadeou o ponto crucial do que estava por vir. Isso lhe proporcionaria uma abertura para o roubo contínuo de livros. Inspiraria Hans Hubermann a conceber um plano para ajudar o lutador judeu. E mostraria a mim, mais uma vez, que uma oportunidade conduz diretamente a outra, assim como o risco leva a mais risco, a vida, a mais vida, e a morte, a mais morte.





A menina que roubava livros.
Markus Zusak.
Páginas 72 e 75.


1 comentários on "Da menina (que roubava livros)"

Keka Bittencourt. on 28 de fevereiro de 2008 às 12:14 disse...

Esse livro é realmente mágico.
Lindo mesmo.
Te cuida, e continua com bom gosto ;D
Beijo.

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